Tragédia de Algodões: rompimento da barragem completa 16 anos; relembre a maior catástrofe que marcou tristemente a história de Cocal e do Piauí

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 Hoje, terça-feira, 27 de maio de 2025, o município de Cocal relembra os 16 anos de uma das maiores tragédias da história do Piauí. Foi em uma tarde de quarta-feira, no dia 27 de maio de 2009, que a Barragem Algodões I, localizada na zona rural de Cocal, rompeu, provocando uma devastação sem precedentes e deixando marcas profundas na população cocalense.

Nos dias anteriores, chovia muito no Vale do Pirangi, na divisa do Piauí com o Ceará, e o volume de água da Barragem de Algodões, no município de Cocal – a 260 quilômetros ao Norte de Teresina – crescia a todo momento, de forma assustadora. Corria de boca em boca a notícia alarmante de que a barragem estava prestes a romper, pois já havia atingido a sua capacidade máxima de 52 milhões de metros cúbicos de água. E não parava de chover.

As famílias que moravam em áreas de risco, nas proximidades dela foram, então, removidas para abrigos públicos pela Defesa Civil. O Governo do Estado pediu com urgência um estudo técnico sobre a segurança da barragem, construída no final dos anos 1990 e que depois disso não recebeu a devida manutenção.

O engenheiro responsável pelo projeto de sua construção, Luiz Hernani Carvalho, um especialista em barragem de renome nacional, foi chamado a fazer uma inspeção na obra. Ele veio a Cocal e, após a perícia técnica, deu o seu parecer definitivo afirmando categoricamente; “Rasgo o meu diploma se essa barragem romper”.


As famílias, já impacientes nos abrigos públicos, foram assim autorizadas a retornar para suas casas, no Vale do Pirangi. Mas algo dizia que a situação da barragem não era de confiança. A construtora que trabalhava na recuperação das fissuras de seu paredão, por exemplo, retirou apressadamente suas máquinas do local.

Assim, mal o engenheiro responsável pelo projeto de construção da barragem deu as costas e após uma chuva de 102 milímetros em apenas quatro horas, as águas abriram violentamente uma fenda de 50 metros na parede do sangradouro e ela rompeu, por volta das 16 horas.


Um tsunami com ondas de 10 metros 

Um tsunami devastava, então, todo o Vale do Pirangi, na maior tragédia ambiental do Piauí. As águas furiosas desciam o rio em ondas de 10 metros de altura e a uma velocidade de 80 quilômetros por hora. Os ventos uivavam com terror.

Casas, fazendas, bares, postes, árvores, estradas, cercas, barracas e dezenas de estabelecimentos recreativos que se distribuíam ao longo de quase 2 quilômetros no leito do Rio Pirangi, abaixo da barragem, no povoado Franco, nos arredores de Cocal da Estação, eram engolidos violentamente pelas águas.

A força das águas atingiu uma área de 50 quilômetros quadrados, entre Cocal e outros dois municípios (Buriti dos Lopes e Bom Princípio), até encontrar o Rio Parnaíba. Corpos foram encontrados pendurados na copa de árvores. A violência das águas chegou a cortar a BR 343, na localidade Serragem, onde existe uma ponte, já no município de Buriti dos Lopes, a 60 quilômetros da barragem.

Por tanto, uma tragédia anunciada que teve nove mortes confirmadas. Numa perfeita demonstração de incompetência, irresponsabilidade e negligência, baseado em ordem de supostos técnicos, através da EMGERPI (Empresa de Gestão de Recursos do Piauí), como por exemplo, o engenheiro Luiz, que afirmou rasgar o diploma se a barragem rompesse.


E aí? E a pergunta que não quer calar, é; Será que o engenheiro rasgou mesmo o seu diploma, como prometeu? Porque, mesmo que tenha rasgado, isso jamais apagará a dor, o trauma e as vidas perdidas naquela tragédia. 


Os mortos e feridos

O rompimento da Barragem de Algodões I matou nove pessoas na hora, destruiu casas, dizimou plantações e animais, e deixou mais de 1.200 famílias desabrigadas e sem nada. Uma criança foi dada como desaparecida e nunca encontrada.

Pelo menos 22 comunidades da zona rural de Cocal foram afetadas: Algodões, Franco, Cruzinha, Figueira, Boiba, Angico Branco, Tabuleiro, Dom Bosco, Segundo Campo, Cansanção, Gado Bravo, Capiberibe, Jenipapinho, Frecheiras de São Pedro, Sítio Frecheira, Olho D’Água, Gangorra, Boa Vista dos Libórios, Pinga e Câmará. Em homenagem as vítimas desta tragédia, hoje 27 de maio, é feriado municipal. 


Reconstrução e esperança

Após mais de uma década da tragédia, uma nova esperança surge para a população de Cocal e região. O Governo do Estado do Piauí, em parceria com o Governo Federal, deu início à construção da Barragem Nova Algodões, com um investimento superior a R$ 240 milhões, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).  A nova barragem terá capacidade para armazenar 55,5 milhões de metros cúbicos de água e abrangerá uma área de 274,18 hectares.  A previsão é que a obra seja concluída em até dois anos, proporcionando segurança hídrica e impulsionando o desenvolvimento econômico e social de Cocal e municípios vizinhos.  


Nossa homenagem

Neste dia de memória, o Cocal Alerta presta sua homenagem a todas as vítimas da tragédia de Algodões l. A dor daquele 27 de maio de 2009 jamais será esquecida. Nossa solidariedade eterna às famílias enlutadas e a todos os sobreviventes que, com coragem, seguiram em frente mesmo diante de tanto sofrimento.

Que a lembrança dessa tragédia continue servindo como alerta e como um clamor por mais responsabilidade e respeito com o povo.


Redação: COCAL ALERTA


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